domingo, 28 de dezembro de 2008

“Solidão não é estar só, é estar vazio.”
(Sêneca)

sábado, 27 de dezembro de 2008






"Entre mim e mim, há vastidões bastantes
para a navegação dos meus desejos afligidos.
.
Descem pela água minhas naves revestidas de espelhos.
Cada lâmina arrisca um olhar, e investiga o elemento que a atinge.
.
Mas, nesta aventura do sonho exposto à correnteza,
só recolho o gosto infinito das respostas que não se encontram.
.
Virei-me sobre a minha própria experiência, e contemplei-a.
Minha virtude era esta errância por mares contraditórios,
e este abandono para além da felicidade e da beleza.
.
Ó meu Deus, isto é minha alma:
qualquer coisa que flutua sobre este corpo efêmero e precário,
como o vento largo do oceano sobre a areia passiva e inúmera..."
(Cecília Meireles)

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Meditando....

"Antigamente os homens olhavam para a mesma paisagem durante toda a sua vida, ou durante muito tempo. Até o viajante o fazia, pois qualquer caminho era longo. Isso obrigava a pensar sobre o próprio caminho. Agora, pelo contrário, tudo é rápido. Auto-estradas, comboios...Até a televisão nos mostra várias paisagens em poucos segundos. Não há tempo para reflectir sobre nada."

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Quem sou?

"Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é.
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu."

(Fernando Pessoa)
"É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo."
Criamos pseudo-almas, máscaras teatrais que nos permitem representar a vida. Máscaras que não somos nós. Que nos fazem sentir a superficie das ondas e não a profundidade do abismo. Mas é nessa profundidade que devemos entrar e perceber. Devemos compreender a circularidade do remoinho da nossa vida. De onde veio... para onde se dirige.....
Às vezes é preciso parar para consultar o mapa da nossa racionalidade...

A olhar para dentro de mim mesma....perdida no labirinto da mente!!

"(....)
-Podes dizer-me, por favor, que caminho devo seguir para sair daqui?
-Isso depende muito de para onde queres ir - respondeu o gato.
-Preocupa-me pouco aonde ir - disse Alice.
-Nesse caso, pouco importa o caminho que sigas - replicou o gato."

(Lewis Carroll -Alice no País das Maravilhas)