segunda-feira, 27 de julho de 2009

às vezes precisamos....

Uma pessoa que nos mostre a razão
Ajude a distinguir amor, de paixão
Nos diga o que é certo ou errado
E nos devolva o conforto roubado

Que simplesmente escute o impossível
Compreenda o incompreensível
Não pense, não fale, nem julgue o que dizemos
Mas nos ajude a dar valor ao que temos

Uma pessoa…

Que queira demonstrar o quanto nos ama
Ensine que o coração às vezes se engana
Que nos diga o quão maravilhosos somos
Mesmo nos odiando pelo que já fomos…

Alguém que seja duro e nos diga a verdade
Nunca tenha medo da realidade
Que seja o nosso escudo protector
E como espada empunhe um grande amor

Que nos toque a alma
Nos embale o coração
Não perca a calma
Não nos diga que não

Uma simples pessoa…

Alguém que te embale a tristeza
E a faça adormecer
Que te arranque um sorriso
Que te obrigue a amadurecer

Mas por vezes falta-nos alguém
Que nos ajude a levantar
Nos ame pelo que somos
E nos ensine a amar…

Perguntamos a nós próprios:

Será que existe mesmo alguém
Ou só nos temos a nós?
Porque é triste não ter ninguém
Neste mundo tão feroz.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Desabafo...

"Sossega, coração inútil, sossega!
Sossega, porque nada há que esperar,
E por isso nada que desesperar também...
Sossega... Por cima do muro da quinta
Sobe longínquo o olival alheio.
Assim na infância vi outro que não era este:
Não sei se foram os mesmos olhos da mesma alma que o viram.
Adiamos tudo, até que a morte chegue.
Adiamos tudo e o entendimento de tudo,
Com um cansaço antecipado de tudo,
Com uma saudade prognóstica e vazia."

Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa



Sinto saudades de tanta coisa mas, essencialmente, sinto saudades de mim mesma,....da pessoa que fui, do que senti.Sinto saudades de uma parte que perdi....
Ás vezes penso será que vale a pena?
Será este o caminho?

sábado, 11 de julho de 2009

No meio da tempestade....



"Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva
Não faz ruído senão com sossego.
Chove. O céu dorme. Quando a alma é viúva
Do que não sabe, o sentimento é cego.
Chove. Meu ser (quem sou) renego...
Tão calma é a chuva que se solta no ar
(Nem parece de nuvens) que parece
Que não é chuva, mas um sussurrar
Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece.
Chove. Nada apetece...
Não paira vento, não há céu que eu sinta.
Chove longínqua e indistintamente,
Como uma coisa certa que nos minta,
Como um grande desejo que nos mente.
Chove. Nada em mim sente..."


(Fernando Pessoa)



Quando a tristeza te invade a alma, é dificil teres espaço para mais alguma coisa.....